Um vulcão adormecido.

Os últimos anos foram bem pesados por aqui. Me levaram muito mais do que trouxeram. Bem, eu diria que por vezes, me viraram do avesso. E não é aquela história bonita em que você se descobre e vê que o avesso é seu lado certo. Nada disso. Por vezes me vi sem chão. Chorando até faltar o ar. Sufocando meu grito no travesseiro. Mas esta história, não é sobre as dores que se tornar adulto nos trás.

Dói sim, não vou negar, mas é bonito. Quando passamos a entender que tudo aqui é instante, aprendemos a viver. Confesso, ainda estou em processo. Mas esse entendimento, ou talvez aceitação, sobre ver a vida como ela é, é bonito e libertador.

Um dia li em algum lugar, que um dia seremos só as lembranças de alguém, e depois, nem isso. Por este motivo entendi que não adianta ser sua melhor versão para o outro, se esta não for a versão que te agrada e te faz feliz. Eu sei que por vezes decepciono pessoas, porém meu objetivo de uns tempos para cá, está em não decepcionar a mim mesmo.

Confesso que no auge dos meus trinta, ainda não entendi muito como esse negócio de vida funciona, e sinceramente, nem quero. Aprendi que precisamos viver um dia de cada vez, afinal, cada dia é um presente, é único, e não tem retorno. As perdas desses últimos anos me ensinaram a me despedir direito, lembrar as pessoas que as amo e ser grata por quem consigo carregar no peito.

Passei metade da vida me culpando por toda minha intensidade. Eu falo demais, sou sincera a ponto de muita vezes ser grosseira, me preocupo com todos que me importo e por vezes isso é pesado. Vivo mergulhando em poça d’água. E me digam como não? Escorpião, ascendente escorpião.

Por vezes desisti de mim. Me calei. Tentei desativar esse vulcão. Pois hoje aprendi a amar com todas as forças a confusão que sou. E eu sei que muita gente irá se assustar e vai querer ir embora, e tudo bem não é? Pois da mesma forma, algum dia, alguém irá chegar e se arriscará á andar nas bordas desse vulcão adormecido.

É que a vida, apesar de vir me batendo bastante nos últimos tempos, ainda assim, não deixou de ser bonita. Ainda espero encontrar alguém que curta meus discos. Goste de domingo de praia. Se arrisque a dançar na chuva. Não tenha medo de parecer ridículo ao meu lado. Acho que escrevo sobre coisas bonitas porque ainda não perdi a esperança de vive-las, e não devo!

-Rayra Zunino

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